"las guirnaldas pueden ser fúnebres, lo comprendí después"

46.

Às vezes acho que vou desmaiar de tanto ser eu,
De ser eu tão profunda e superficialmente
Quanto águas marinhas ou algas pluviais
De ser eu tão sendo outra pra completar-me,
Tão simbiótica impossível de desatar
A ponto de ser porque há um outro que é.
Dói minha asa esquerda, e pendo para seu lado
A asa direita está quebrada, ou sou cotó.
Calço sapatos alheios que se ajustam perfeitamente.
(Mas me machucam os pés)
Meus óculos estão quebrados, uso outras lentes
(Preciso ver que não sou cega)
O sono deve me fazer levantar e prosseguir
- como o álcool depois do éter -

Hei de encontrar um modo de ser sem dormir.

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